9/23/2006

1984, George Orwell

Famoso por sua influência na atual maneira de fazer televisão, sobretudo, nos reality shows, 1984 é um romance que tem como pano de fundo uma estranha realidade, que embora fictícia, apresenta alguns elementos reais. Faz nos refletir sobre as prisões e controle de uma sociedade organizada por um Estado totalitário em que controla e organiza toda a vida social das pessoas. Não tenha certeza da veracidade dessa informação, mas fiquei com a impressão que grande parte da trama foi construída metaforicamente com a realidade socialista do século XX.
Winston Smith (personagem principal) encontra-se nessa sociedade fechada e seus sentimentos mais humanizados começam a florescer num turbilhão de contradições e inibições, onde a maioria das pessoas vive apática perante a ordem estabelecida pelo partido do Grande Irmão (Big Brother). Winston inicia um romance clandestino, longe dos olhos das Teletelas que vigiam tudo e todos. Seu par, cujo nome não me recordo, é uma mulher forte, decidida e que encontra no amor a única válvula de escape do autoritarismo exercido pelo Estado e a força para viver. No entanto, nosso herói vai mais além. Suas angústias e rebeldia chocam com a própria organização do partido que controla a vida e cujos lemas são Guerra é Paz, Liberdade é Escravidão e Ignorância é Força. Tal Estado é organizado em Ministérios, por exemplo, Ministério da Verdade, cuja função é cuidar de notícias, diversões, instrução e belas artes e cujo lema é “Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente controla o passado” (230). Outro objeto do Estado é impedir que a sociedade se torne culta e socialista “Num mundo em que todos trabalhassem pouco, tivessem bastante que comer, morassem numa casa com banheiro e refrigerador, e possuíssem automóvel ou mesmo avião, desapareceria a mais flagrante e talvez mais importante forma de desigualdade. Generalizando-se, a riqueza não conferia distinção. Era possível, sem duvida, imaginar uma sociedade em que a riqueza, no sentido de posse pessoal de bens e luxos, fosse igualmente distribuída, ficando o poder nas mãos de uma pequena casta privilegiada. Mas na prática tal sociedade não poderia ser estável. Pois se o lazer e a segurança fossem por todos fruídos, a grande massa de seres humanos normalmente estupidificada pela miséria aprenderia ler e aprenderia a pensar por si; e uma vez isso acontecesse, mais cedo ou mais tarde veria que não tinha função a minoria privilegiada, e acabaria com ela. De maneira permanente, uma sociedade hierárquica só é possível na base da pobreza e da ignorância.” (p. 178). Outro aspecto que ocupa papel importante na organização estatal é o estado de Guerra, e não necessariamente a guerra em si. O medo é fator importante para controlar e manipular as pessoas. Além do papel psicológico da guerra existe o econômico: “O problema era manter em movimento as rodas da indústria sem aumentar a riqueza real do mundo. Era preciso produzir mercadorias, porém não distribuí-las. E, na prática, a única maneira de o realizar é pela guerra contínua” (p. 179). Em outra passagem: “O essencial da guerra é a destruição, não necessariamente de vidas humanas, mas dos produtos do trabalho humano. A guerra é um meio de despedaçar, ou de libertar na estratosfera, ou de afundar nas profundezas do mar, materiais que doutra forma teriam de ser usados para tornar as massas demasiado confortáveis e portanto, com o passar do tempo inteligentes” (179).
Este livro é referência importante para compreendermos o atual estado de coisas, pois, como disse, embora fictício, apresenta situações, sentimentos, comportamentos e relações que estão presentes nos dias controlados pelo quarto poder que tanto inspira suas ações em George Orwell e em suas elaborações de Novelíngua. E lembrem-se... "O Grande Irmão Zela por Ti!"

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